sexta-feira, 27 de março de 2009

NINGUÉM RENUNCIA O QUE NÃO TEM


A chuva lá fora, o dia cinza e melancólico como tantos do mês de dezembro era a justificativa para que tudo permanecesse como estava. Ela andava exausta de tentar entender o que aconteceu, onde erraram e porque acabou. Há coisas que não têm explicação, mas era difícil aceitar que fosse assim.

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No dia fatídico ele silenciou, pois no fundo, acreditava que nada do que dissesse mudaria alguma coisa. Mas não era bem assim. Para ela, ele deveria ter dito algo. Não estava em paz, era preciso esclarecer alguns pontos. Ela queria ouvir. Ela precisava ouvir. No fundo, desejava que ele fosse compelido a pensar alto, já que não conseguia falar o que sentia, o que tinha acontecido. E ele que sempre soube deslindar idéias complicadas e torná-las compreensíveis, no âmago de não mentir mais pra ela, fez do silêncio uma possibilidade de isenção.
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Ela preferia uma morte mais elegante, mas a forma como as coisas aconteceram a deixou desorientada. Tudo em sua alma era confusão e incerteza. E tendo o desespero um excesso que até então não lhe pertencia, foi tomada pela dor da condição de que não havia mais nada a ser preservado.
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Ela sentia raiva e queria odiá-lo, mas as boas lembranças, os quereres e os sentimentos de mulher apaixonada a atropelavam. Questionava desde quando aquela felicidade toda não se baseava numa mentira gigante, e já sentia saudade de algo que não voltaria mais. Sempre soube que não poderia sair impune daquela paixão, mas agora, mais do que nunca, com a cumplicidade rompida, o espontâneo tornava-se culpa.
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Abraçaram-se até doer. Aos prantos, se despediram com um beijo - quente, longo, intenso, sofrido e amargo. As lágrimas escorriam como uma onda de náusea. Náusea que a fez vomitar. Por diversas vezes, ela vomitou ele, naquele dezembro, janeiro...
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Tudo poderia ter sido mais simples. Mas as coisas mais simples são muito complicadas. E diante das coisas reais e das coisas imaginadas, o que ela queria era ser convencida por ele de que aquela história não chegava ao fim, e que todo aquele amor exacerbadamente declarado era verdadeiro. No fundo, só queria proporcionar ao homem que amava o prazer de perdoá-lo.

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terça-feira, 24 de março de 2009

CURTINHAS FEMININAS - DAS NÃO CENSURADAS

- Quem é que você está dando uns beijos?
- Eu não estou dando uns beijos. Eu estou transando.
- O quê? Esse é aquele seu ex namorado dos 12 anos de idade?
- Ele NUNCA foi meu namorado!
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- Pra comer aquele Deus do seu ex-namorado? Eu comia até você junto!
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- Você ta uma grávida tão tranqüila!
- É fato. Não me estressei mesmo com nada. Minha única briga com meu marido foi por causa da tampa de uma tupperware.
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- Certeza! Ele tava louco pra me comer!
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- Se eu fosse homem seria gay, mas você amiga, seria um belo de um CAFAJESTE!
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segunda-feira, 23 de março de 2009

NOSSAS FEMINICES


Foto: Vanessa Dantas
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Final de semana na praia com as amigas é assim: a gente fala, fala, fala, e depois faz o favor de esquecer tudo, ou quase tudo! Dá risada, dá conselho, dá bronca e puxão de orelha, mas sabe elogiar. Porque é mandona, porque engordou, porque emagreceu, porque ta bonita, porque se esqueceu. Conta o novo. Relembra o velho. Se emociona. Divide. Reclama. Faz carinho. Fala do trabalho, da família, do marido, do namorado, do ex, e do ficante. Do romance. Fantasia, sonha, deseja. E pede bis. Torce. Confidencia. E compartilha. O medo. A dúvida. A receita. E as certezas que não são muitas. Podemos querer tudo. Quem sabe não fazer nada? Amar, com reciprocidade, sempre. E tem a festa do casamento de uma e o quarto do bebê da outra. A banheira de hidromassagem e os campos de lavanda da Provence. Desenho animado. Personagem. Pedido de casamento? Por que não Paris? Juventus na Série A1? Aqui tudo é possível Até arrancar suspiro coletivo contando que sonhou com o ex-namorado da amiga só porque o cara é bonitão. Bonitão não, o cara é Deus! E rola música, leitura de contos, caderninho, cozinha com platéia, jantar a luz de velas e fotos da barriga. - Cuidado que o bebê já ouve! - Não tem problema! É bom ele ir se acostumando... Pi pi pi. Histórias que não acabam mais. Também enchemos a lata, ops, as taças, com muita classe. Porque somos meninas. Femininas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

OUTONO - MINHA ESTAÇÃO PREFERIDA!

O outono é a única estação civilizada. A primavera é um descontrole glandular da Natureza. O inverno é o preço que a gente paga para ter o outono, e por isso está perdoado. O verão é uma indignidade.

[...] Um gentleman não deve suar, meu caro. As frutas têm suco, não um inglês.

[...] É sempre assim. Quando chega o verão começo a me imaginar em Londres, estocando meus tintos para o inverno. Mas é claro que não aguentaria duas semanas como inglês sem começar a maldizer a umidade e a sonhar com o sol.

Mas não sou uma pessoa tropical. Minha terra preferida é o outono em qualquer lugar. No outono as coisas se abrandam e absorvem a luz em vez de refleti-la. [...] O verão não é uma boa estação para literatura descritiva. Me peça o resto da frase no outono.

Sempre digo que a praia seria um lugar ótimo se não fossem a areia, o sol e a água fria. É só uma frase. Gosto do mar. O diabo é que a gente sempre tem na cabeça um banho de mar perfeito que nunca se repete.
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Veríssimo.
Caderno Cultura - Jornal O Estado de São Paulo,
de 01 de março de 2009.
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Até segunda! Vou para a praia
em busca do meu banho de mar perfeito!

DISCURSO

Pensei, pensei... e finalmente resolvi postar o tal discurso. Aí está, não inteiro, mas a maior parte dele!
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Autoridades presentes, caros colegas professores, prezados pais, familiares, meus queridos afilhados:

Queria iniciar dizendo que não vou discursar, e sim propor uma rápida conversa afetuosa.

[...]

Eu me lembro, quando criança, na casa da minha tia Irene, eu sentava na cozinha para vê-la preparar os alimentos. E ali eu ficava por horas, me deleitando com os cheiros, cores e sabores. Observava a sua habilidade, a escolha dos ingredientes, sua organização e acima de tudo, a criatividade... Tia Irene não era de seguir receitas, mas de criá-las. Seu bolo de mandioca com coco, para mim, até hoje é insubstituível. Lembro-me que era preciso um dia inteiro para fazê-lo. Era necessário descascar toda a mandioca, cortá-la em pequenos pedaços, colocá-la no liquidificador já que naquele tempo não tinham os processadores de hoje, e ter força nos braços para torcer os bagaços num lençol e assim coar todo o suco. O coco era ralado na colher! Eu o chamava de “bolo difícil”. Tia Irene, por muitas vezes, ao fazer o “bolo difícil” guardava um pedaço pra mim. Mas a melhor parte disso tudo é que em meio aos seus afazeres, ela me deixava participar. Até hoje ela adora falar das minhas mãozinhas de criança temperando o frango. O fato é que aquilo tudo me instigou a vontade de aprender a cozinhar, e então eu tratei de aprender. Porque eu queria cozinhar como a tia Irene. Quando se quer uma coisa, quando se tem vontade, se aprende. A gente aprende quando a gente quer, quando faz sentido.

O professor Luis Octávio de Lima Camargo, precursor do nosso curso, e por quem temos um apreço especial, fez parte da minha banca de mestrado. Logo no início de sua fala, ele citou uma expressão que aprendeu com um colega mais velho, um francês radicado no Brasil, que estava fazendo a primeira orientação de uma aluna num programa de mestrado. Na verdade, o professor Luis Octavio estava passando no momento da orientação e num instinto voyer, ouviu o colega dizer a sua orientanda: você não vai ter que inventar nada, você vai ter que extrair o que está dentro de você. E assim, ele passou a repetir esta expressão aos seus orientandos também.

Nesse último sábado fiz uma visita técnica com os alunos do 5º período do Curso de Turismo para um município da região. Na volta, estávamos na van, quando uma das alunas pegou um livro, pois precisava ler um dos capítulos para a aula de segunda-feira. Eram textos que tratavam das correntes filosóficas: do positivismo, do marxismo... Peguei o livro e propus uma leitura coletiva, de modo a aproveitar o tempo de estrada para cumprir a leitura solicitada pelo outro professor. No fundo, eu não estava preocupada se eles saberão para sempre todas as correntes filosóficas associadas aos diferentes pensadores e escolas, mas o que eu queria que ficasse na lembrança deles, era o momento da leitura coletiva, na volta de uma visita técnica, em pleno sábado à tarde, dentro de uma van. E ainda que não tenhamos terminado a leitura por estarmos exaustos, na verdade, o que menos importava ali era o conteúdo ou o pouco que conseguimos caminhar devido o cansaço. Poderíamos ter estudado a reforma ortográfica, discutido a crise mundial, lido artigo sobre as anomalias genéticas, qualquer momento da história do Brasil ou do mundo... No fundo o que eu queria dizer era: devemos aproveitar esse gostoso momento juntos, no mais, fiquem tranqüilos porque um mês depois, seja lá qual for o conteúdo, vocês terão esquecido a maior parte. E terão esquecido porque a memória é seletiva. Ela tem como objetivo se livrar do inútil para reter o útil, ou o gostoso, tanto faz. A memória é exatamente assim: você despeja aquela coisarada toda e ela esquece, deixa passar o que não é útil, o que não é gostoso. Por isso, o esquecimento não é prova de defeito. Certa vez, numa palestra, Rubem Alves disse que as pessoas completamente débeis mentais têm uma memória perfeita, guardam lista telefônica na cabeça. Então, memória boa não é prova de inteligência, é prova de uma perturbação mental grave. E ele ainda reforçou dizendo: fujam das pessoas que guardam todas as coisas na memória! Aliás, da academia para o cinema, a bela Ingrid Bergman, do clássico Casablanca já dizia que a felicidade consiste em ter boa saúde e má memória!

Assim, considerando o todo, o que foi esquecido e o que ficou, posso dizer que nossos momentos foram mesmo diferenciados, e muito especiais, de aprendizado, e fundamentalmente de amizade. Não é comum ver tantos alunos com os Trabalhos de Conclusão de Curso já prontos, se propondo a entrar madrugada adentro com o intuito de ajudar outros colegas com os seus TCCS. Além das tantas histórias vividas fora da universidade e ricamente compartilhadas em sala de aula. Não me esquecerei dos nossos encontros semanais, do carinho de vocês, e dos sentimentos que este relacionamento despertou em mim.

Sei que como paraninfa, deveria falar desse momento de transição dos estudos para o trabalho, ou da maturidade adquirida ao longo desses anos todos, mas gostaria apenas de convidá-los a manter sempre o desejo de aprender. Arrisco a dizer: aprendam algo simplesmente porque é belo. Convido-os a deixar se encantar pelo outro. Claro que quero vocês empreendedores, criativos, ousados, determinados e ricos (muito ricos sem que esqueçam de mim!), mas também sensatos, éticos e acima de tudo responsáveis e amáveis com o meio ambiente e a sociedade. Que a sabedoria de usar a memória seletiva, os ajude a ignorar não só o que não nos leva a nada, mas manter a ignorância de desejar saber para onde vamos. A partir de agora e mais fortemente na ressaca pós-baile de formatura, vocês se lembrarão daquele frio na barriga que eu tanto falo que sentirão ao ver o horizonte, o que está por vir.

A vida não é fácil. Mas nem por isto ela deixa de ser bela.

E ainda que essa conversa da noite de hoje tenha sido essencialmente romântica, lembro-me de uma frase saída da boca do nosso querido coordenador “o romantismo só está disponível para quem pode ler”. É fato! Não sei se eu conseguiria fazer diferente. Mas me conforto com a certeza de que vocês sabem muito bem do que estou falando! Assim, da minha parte, vocês podem ter certeza que o meu coração e os meus braços estarão sempre abertos.

Boa sorte a todos! E obrigada!

quarta-feira, 18 de março de 2009

FRIO NA BARRIGA!

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Hoje é dia importante. Dia de frio na barriga! Dia de muitas emoções! Serei paraninfa dos meus alunos queridos. O discurso? Tá pronto! Só não sei se terei coragem de postá-lo aqui. Quem sabe um trechinho ou outro?
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segunda-feira, 16 de março de 2009

CADA DIA MAIS

um dia por vez,
ela vai vivendo,
e se dando conta,
que ao lado dele,
voltou a sorrir,
gargalhar.
e segue,
destravando,
e resgatando,
aos poucos,
a mulher,
que foi, e é.
que fala o que pensa,
que pede o que quer,
e redescobre o que não quer.
acorda.
e sente prazer,
e sente paz.
admira, aprende e gosta.
porque é simples.
porque é honesto.
porque é calmo.

e ele
companheiro que é,
afaga,
e conquista,
de pouquinho,
espaço,
nos pensamentos dela,
nas vontades dela,

cada dia mais.

sexta-feira, 13 de março de 2009

DISPARATES DE CASAL

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- Eu não dei pra você na primeira vez.
- É. Você foi difícil.
- Nem tanto, dei na segunda. Mas só um pouquinho!

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- Fiquei pensando numa coisa que você falou dia desses...
- Oh Deus! Por que eu não fiquei quieto?

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- Eu estive pensando...
- Mulher, por que você insiste em pensar tanto?

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- Amor, posso ter um amante?
- Não. Não faço questão.

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- Olha, eu ando preocupada com essa sua conversa de que sexo não é assim tão importante...
- Não se preocupe! Aqui nesse armário tem uma coleção de vibradores!
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quinta-feira, 12 de março de 2009

QUANDO O ROMANCE COMEÇA NO MARACA...

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Ela disse pra ele:
- Você ressuscitou aos 48 minutos do segundo tempo, agora a bola está na ponta da sua chuteira, na marca do pênalti. É bom meter essa bola pra dentro do gol, pois já estamos nos acréscimos e este jogo não tem prorrogação.

Ele disse pra ela:

- Pode deixar! Vou te tratar como uma folha de papel de seda molhada!

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quarta-feira, 11 de março de 2009

COMO COMPREENDER AS MULHERES??!!

Para os ceguetas de plantão: clicar na imagem para facilitar a leitura! Ou ler abaixo do quadrinho!



- O que você tem??
- Nada.
- Foi alguma coisa que disse??
- Não.
- Foi alguma coisa que não disse??
- Não.
- Foi algo que fiz??
- Não.
- Então algo que deveria ter feito??
- Não.
- Foi alguma coisa que disse referente a algo que fiz, quando a coisa que fiz não deveria ter sido feita, ou pelo menos deveria ter sido feita de modo diferente, mais de acordo com seus sentimentos??
- Talvez.
- Eu sabia!

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Desconheço a autoria.
Se alguém souber, faça o favor de me avisar
para que eu possa dar o devido crédito.
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Imagem enviada pela minha querida amiga Kareen Terenzzo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

PÉ COM PÉ

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- Você sabe que está deitado do meu lado da cama, né?

- Sei. Já já a gente troca. Até porque você está com o meu travesseiro.

- Quer saber? Prefiro mil vezes o meu travesseiro de plumas de ganso do que o seu da Nasa. Aliás, não entendo porque todo mundo gosta tanto desse travesseiro...

- Eu sempre soube meu amor, você está muito mais para o glamour do que para a tecnologia.
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quinta-feira, 5 de março de 2009

DETALHES TÃO PEQUENOS DE NÓS DOIS

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Ele disse a ela:

- Venha, hoje você vai conhecer a PAZ!

A meia luz, colocou o som de Keith Jarrett, a levou para a cama dele, e a acomodou sobre seu peito. Seguiu fazendo carinho...

Ela não lembra de mais nada do que aconteceu depois. Mas desde então, ela segue em PAZ.
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CONTRADIÇÃO

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Ela se olhou no espelho.
Seu corpo a avisou que está acima do peso.
Engraçado! Há tempos não se sentia tão leve.
Resolveu fazer uma pequena dieta.
Ela quer aprender a voar.
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segunda-feira, 2 de março de 2009

DOMINGO DE SOL É ASSIM...


Rabada do Genésio. Caipirinha de frutas vermelhas. Chopp e Seleta. Primas, amigos e amores no bar. Jogo na TV. Esticada na casa das Del Bazucón. Chandon Brut Rosé porque é bebida viva. E porque meu grande amigo do DF gosta. Cerveja geladaça. Doxxxtoievxxxki e gorgonzola com azeite. Pãozinho e brisa. Três nomes: Chico Buarque, Aldir Blanc e Vanessa Dantas. Aff! Goxxxtoooso! E a noite foi quente...


Deu Peixe, 1 X 0!