quarta-feira, 27 de julho de 2011

A MINI JAPA E A TIA DE PRIMEIRA VIAGEM


Lívia, minha pequena sobrinha de quatro anos e meio, viajou comigo para a Bahia agora no mês de julho. Foi a primeira vez que ela pegou um avião sem os pais e passou uma semana bem longe de casa. Praia, piscina, pipa, contação de histórias, pintura, desenho... E amor, muito amor! Teve até diário de viagem feito por nós duas como forma de registrar esse momento tão especial. E daí que resolvi compartilhar algumas das frases ditas pela pequena durante os nossos dias. Divirtam-se! 


Tia Van, já chegamos "em" Bahia? (do avião)

Ainda estamos no Brasil? (também do avião)

Queria que o mundo fosse de carne e de doces.

Tia Van, que peituça! (essa foi pra mim, ela queria dizer "peituda")

A mamãe e o papai são mais bonitos que a natureza. O papai é mais bonito que a primavera.

"Bigo" (é assim que ela chama umbigo)

Cadê minha pipinha? (se referia a pipa que empinamos no dia anterior)

Quer saber de uma coisa? (ela usava essa expressão a todo momento para contar qualquer coisa)

A gente veio pra Bahia para ver macaquinho. Se a gente não visse, não teria a menor graça.

Os baianos falam português ou inglês?

Esse avião vai pro Brasil? (no voo da volta, mesmo já tendo explicado algumas vezes que a Bahia fica no Brasil!)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O MUNDO MÁGICO DE CARTAGENA

Cartagena das Índias, Vanessa Dantas, 2011


Foi lendo "O Amor nos Tempos do Cólera", no ano de 2007, que o Gabriel García Márquez colocou Cartagena das Índias nos meus planos de viagem. Vale dizer que nunca tive o sonho de rodar o mundo, são poucos os lugares que eu realmente quero conhecer e tenho a mania (sim, estou virando uma velha cheia delas!) de voltar sempre aos lugares que gosto muito. Ok. Vai ver que é por isso que eu ainda não fui à Paris.

E então o meu aniversário desse ano estava chegando (30/4) e a vontade de comemorá-lo num lugar novo se fez presente. Poucas milhas (12 mil - ida e volta pela Gol), o fato de uma grande amiga morar (temporariamente) em Bogotá e a grata coincidência de que a namorada do meu mano estaria por lá na mesma data, fez de Cartagena uma janela, ops, uma varanda de oportunidades.

Lá fui eu!

Não vou contar todos os detalhes porque ninguém merece uma coisa dessa, mas já que muitos amigos/conhecidos perguntaram sobre a viagem, resolvi listar algumas impressões/dicas sobre o "mundo mágico” de Cartagena.

O Mundo Mágico"
O centro antigo de Cartagena – onde fiquei hospedada – é cercado por uma muralha, de 8 km, do século XVI. Desde a primeira vez que atravessei a tal muralha, tive a sensação de adentrar um "mundo mágico". Aquela cidade colonial, protegida e colorida, completamente diferente da Cartagena de fora da muralha, me abraçou, me acolheu e fez os meus olhos brilharem e se emocionarem uma porção de vezes.

Dentro da muralha, são cerca de 40 quarteirões com museus, centro culturais, igrejas, praças e casarões de todas as cores.

A primeira e mais importante dica
Hospede-se no centro antigo (informação preciosa dada pelo querido Marcelo Moutinho que tinha acabado de voltar de lá). Pode ser um pouco mais caro, mas para "viver" de fato a cidade, deve-se dormir e acordar dentro da muralha.

Fiquei no hotel Sol de La India. Tanto o quarto duplo quanto o quarto single custa, na baixa temporada, cerca de R$ 100 a diária, sem café da manhã.

Se você é uma pessoa mais abonada (bem mais!), a dica é o Hotel Santa Clara. Simplesmente deslumbrante. Quem sabe na minha próxima ida? Pois é, quando gosto muito de um lugar, tenho a mania de voltar, lembra?

Praias
Dentre os passeios de lancha (média de R$ 50/pessoa), fuja do Aquário que fica no arquipélago de Rosário. Siga direto à Playa Blanca (onde passei o belíssimo dia de sol do meu aniversário). Lá você encontrará o mar azul do Caribe, porém, com péssima infraestrutura. O passeio sai por volta das 8h/9h e retorna entre 16h e 17h.

Na praia, são muitos os vendedores de artesanato, pedras e tranqueiradas. Cansa um bocado ter que passar o dia dizendo não. Fuja também das massagistas que já chegam tocando, pegando, o que é bem chato. Uma cara de "poucos amigos" resolve.

Uma opção para quem gosta de uma melhor infraestrutura é passar o dia no El Laguito. Um táxi do centro antigo até lá não sai por mais de R$ 6. Vale ficar no restaurante de frente para o mar (na parte de cima é ainda melhor), com espreguiçadeira, balde com cervejas geladas, mojitos, frutos do mar, ceviches e todos os salamaleques por um preço bem camarada. A praia não é tão linda quanto as mais afastadas, mas dá pra passar um dia bem gostoso com direito a um belo pôr do sol no final. E pra quem gosta, ainda dá pra curtir wind e kitesurf.

Comilança
O La Vitrola é considerado o melhor (e mais caro) restaurante da cidade. Como é preciso fazer reserva com antecedência, não conseguimos conhecê-lo na noite do meu aniversário, e então acabamos indo no dia seguinte. Além da comida divina, há um grupo de músicos no estilo Buena Vista Social Club que fica cantarolando durante o jantar (é claro que chorei disfarçadamente com "Yolanda"). A conta, com bebida (sem muito excesso), deve ficar em torno de R$ 150/pessoa. Digo "deve" porque nesse dia fomos com um grupo de novos amigos que não nos deixaram pagar nada. Oba!

Passei o meu aniversário no restaurante El Santíssimo. Contemporâneo, irretocável. Na data, oferecia um "combo" que consistia em entrada, prato principal, sobremesa e bebida à vontade (isso mesmo! era só escolher - ficamos no espumante!) por cerca de R$ 90/pessoa (incluído imposto e serviço). 

A Casa Del Socorro, segundo consta, é um restaurante típico. Não conheci porque não deu tempo. No dia reservado acabei jantando no Quebracho, perfeito para a minha pessoa que, depois de muitos "bichos" do mar, estava sedenta por um bom bifão.

Transporte
O voo de Bogotá para Cartagena dura pouco mais de 1 hora. Não é aconselhável fazer o trajeto de carro ou ônibus. Segundo consta, as estradas são bem perigosas. Os bilhetes de ida e volta com as taxas (mais caras que os próprios trechos) custaram cerca de R$ 400 pela Copa Airlines.

Táxi é muito barato. Do aeroporto para a cidade antiga não custa mais do que R$ 20. Qualquer deslocamento entre a cidade antiga e a parte externa não passa de R$ 8. A maioria dos carros não possui taxímetro, de modo que o preço deve ser combinado antes com o taxista. Dentro da muralha é possível fazer tudo a pé.

Clichês
Resisti o quanto pude ao "romântico" e/ou "nostálgico" passeio de coche (carruagem), afinal, seria clichê demais para uma estudiosa do Turismo. Porém, na última noite, arrisquei. Foi perfeito! Recomendo muito.

Outro clichê imprescindível é apreciar o entardecer no Café Del Mar. Os drinks, a brisa e a gringolândia em peso transformam o visual de cima da muralha bastante convidativo.

Outros atrativos menos atrativos
Existem algumas opções de atrativos fora da muralha que fazem parte, digamos, do circuito oficial. Como sou um pouco preguiçosa para os pontos demasiadamente turísticos, optei por conhecer apenas o Convento de La Popa (de 1607) que está localizado na parte mais alta da cidade e que, segundo o ditado local, "Si no has subido a La Popa no has visto a Cartagena", e o Castillo de San Felipe de Barajas que é considerado a maior obra de engenharia militar espanhola na América, originalmente construída em 1563 com modificações e ampliações em 1657.

Vale combinar com um taxista para levar aos atrativos e ficar esperando.

O Gabo
É assim que o Gabriel García Márquez é chamado por lá. Gabo é Cartagena, Cartagena é Gabo. Assim mesmo, tudo uma coisa só. Ele mesmo já disse "Todos os meus livros têm fios soltos de Cartagena neles". Só não reconhece quem não leu.

Portal de los Dulces está logo na entrada do centro antigo de Cartagena e foi descrito em "Amor nos Tempos do Cólera" como o Portal de los Escribanos, onde Florentino Ariza susurrou para Fermina Daza "Esse não é um bom lugar para uma deusa coroada". Lá estão inúmeras barraquinhas coloridamente açucaradas.

A Plaza Fernández de Madrid serviu de inspiração para a Plaza de los Evangelios, onde Florentino, sentado num banquinho, fingia ler, na esperança de ver Fermina passar. A casa dela, um sobrado branco avarandado, está lá.

A casa terracota do Gabo fica próxima à muralha, num cantinho do "mundo mágico", e faz parte do roteiro do passeio de coche.

Otras cositas mas
- Recomendo passar o dia fora da muralha, conhecendo os pontos turísticos externos e praias e deixar o final de tarde e noite, quando o clima está mais ameno, para se perder pelas ruas do centro antigo.

- As principais jazidas de esmeralda do mundo são colombianas. Porém, apesar da grande oferta de ouro e prata com a linda pedra verde, vale deixar para comprar as belezuras em Bogotá onde o preço é mais convidativo.

- Peça nota fiscal de tudo, tudim que você comprar na Colômbia com cartão de crédito. O imposto de boa parte das suas compras (artesanato, roupa, perfumaria e etc.) pode ser ressarcido. Basta solicitar um formulário no aeroporto, preenchê-lo, anexar as notas e aguardar. Em até 90 dias o crédito é lançado na fatura do cartão de crédito. --> isso não funcionou, mas também não fui atrás :-(

- Se a água do banho de SP fosse a mesma de Cartagena, haveria uma queda brusca nas chapinhas e escovas progressivas. Acontece que o cabelo fica incrivelmente liso. Lindo! Lindo!

- Eita povinho que gosta de buzinar! Tanto em Cartagena quanto em Bogotá.

- O povo é bastante alegre e hospitaleiro. E até onde pude perceber, eles gostam um bocado dos brasileiros e mais ainda “das brasileiras”.

- Roupas de calor para Cartagena (o clima é quente e úmido) e meia estação/frio para Bogotá (dizem que chove um bocado por lá, eu dei sorte nos meus três dias de estadia!).

Foram apenas quatro dias (mágicos!) em Cartagena, em ótima companhia. Intensos, muito bem vividos, e com aquela vontadinha de ficar mais. Recomendo vivamente! 

Pois é. Lembra da tal mania? Então...