quinta-feira, 24 de junho de 2010

É O QUE TEM PRA HOJE!

Passarela qualquer da cidade-concreto, numa manhã cinzenta, ainda com lua
Foto de celular: Vanessa Dantas, 2009

Tenho acordado cedo, dormido tarde, comido doce, pulado cinema.
Tenho falado menos, observado mais.

Tolerância curta, cansaço longo.
Tenho trabalhado muito.
*
O mundo é burro, e vivo nele.
Chega de festa. Mesa pra quatro. Tenho bebido pouco.
Tenho gostado dos cães. Dos que não latem e não mordem.
Nada acontece. Não trago novidade.
A vida anda besta. Chatinha.
*

Não sofro mais por ele. E sofro por isso.
Continuo sem gostar de pão-de-mel, doce de abóbora,

"creque" da cebola, fumaça de cigarro. In-tra-gá-vel.
Não uso amarelo, esmalte danoninho, pouco gosto de marrom.

Chocolate? Só se for do bom.
*
Queria não ter pêlo. Que meu cabelo não ficasse branco.
Não faço mais dieta. Gosto de ser míope.
Vivo otimamente bem sem paçoquinha, pipoca, canjica,

salto alto, bico fino e karaokê.
*
Não me venha com picaretagem.

“Minha querida”. “Se cuida”. "Deus lhe pague”.
Meu sono continua leve. Tenho dificuldade com quem ronca.

Prefiro a noite fria.
*

Chegue devagar, não peça pra entrar. Não minta pra mim.
Que se explodam os arrogantes, os mal educados, o Rogério Ceni.

Da torcida do São Paulo? Salvaria um. Apenas.
*
Gente que fala demais me incomoda.
Comportamento classe média também. Sou classe média.
Não quero conhecer o mundo. Sonho com Paris. E basta.
Perdi o medo da morte, desde que seja de avião. Na volta.
*
Não me subestime. Se conseguir, me estime. Eu deixo.
E gosto.

domingo, 13 de junho de 2010

A AMIGA DA AMIGA DA MINHA AMIGA

A amiga da amiga da minha amiga namorou quatro anos, casou há cinco. Tudo bem meu bem, até que a mudança no comportamento do marido suscitou desconfiança. Pouco sexo, impaciência, excesso de compromissos, viagens, trabalho, celular desligado, desculpas esfarrapadas. Juntando os dois clichês “onde há fumaça há fogo” e “quem procura acha”, achou. Fogaréu, incêndio.
*
O amado dormia “de conchinha”, fazia planos e trocava declarações. Não somente com uma. E há mais de três anos.
*
Doeu. Tremeu. Chorou. Vomitou.
*
Documentou. Procurou um advogado, se organizou. Calou.
*
Jantaram juntos ontem, comemorando hipocritamente o Dia dos Namorados. Hoje à tarde, depois do almoço, seria o momento de pedir a separação. Decidida, não contaria nada do que sabe. Nada de descer do salto. Quer a metade do patrimônio que conquistaram no período e só, somente só. A merda vai pro ventilador apenas se ele dificultar a separação.
*
A história não é nova, sabemos. Muitos homens traem, pouquíssimos são profissionais. Muitas mulheres (quando desconfiam) fuçam, são raras as que conseguem, ao descobrir algo, manter a classe. Confesso: estou curiosa pra saber o final, ou melhor, pra ver até onde vai a frieza o equilíbrio dela.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BONITEZA DE FAMÍLIA


"Aproveite o simples da vida"- Tijuca, Rio de Janeiro / abril, 2010
Foto: Vanessa Dantas


Nesse feriado teve o encontro da família Dantas. Não! Titio Dani não esteve presente e até por isso foi assunto.

Fui no sábado e voltei no domingo. Mais do que bom, afinal, 50 Dantas (e agregados) reunidos não é para qualquer um. Muito menos pra mim. Amo. Mas é preciso moderação.

Foi bacana. Comida, cerveja, conversa furada, cerveja, sinuca, cerveja, dominó (lembrando a avó Mariana que nos ensinou a jogar... e roubar!), baralho, cerveja e pebolim. Lugar bonito, frio ardido.

Teve fogueira, canjica, quentão, vinho quente, bolo de milho, paçoquinha, bandeirinhas e tudo o que é típico de festa junina. Confesso: só gosto de cuscuz. Fiz trancinha, pintei a cara, vesti xadrez e dancei forró. Mas fui dormir antes do furdunço da quadrilha que aconteceu perto das 2h da manhã. Perdi a prima linda, de noiva, com véu laranja e buquê fedorento.

A turma é animada, o som foi desligado as 5h da matina e rolou um pouco de quase tudo. Cantei Toy Dolls da minha cama.

Confirmei que meus primos são bem mais carinhosos que a média masculina por aí. Com as namoradas, mulheres, mães, entre eles e, muito especialmente, comigo. Lindo de ver! Digno de emoção! E assim passei o final de semana pendurada, no conforto de mil abraços.

Constatei também que exceto as primas que considero como irmãs, quase não tenho assunto com o restante. É recíproco. Não há interesse sequer pela cor do esmalte. E isso não é um problema.

Me surpreendi. Não reclamaram porque fui dormir cedo. Não perguntaram se desisti de ter filhos. Não me cobraram o churrasco que virou lenda. Não especularam se engordei. Não tocaram no assunto do doutorado. Não observaram que bebi menos. Não repetiram o quanto sou a cara do meu pai e também não arriscaram a dizer que tá na hora de deixar o aluguel. Nada disso foi dito. Nada, nadica de nada.

O único questionamento, entre os previstos, foi a falta de um companheiro. Um dos meus primos (liiindo!) ainda soltou que a fila de pretendentes devia contornar o Maracanã. Sorri e aproveitei para esclarecer:

Meus caros! Aos 35, poucos homens me apetecem. Quase não me impressiono mais pelo que vejo. Seleciono pelo que ouço. E elimino pelo que leio. Se sobrar algum, ainda tem que gostar de futebol!