segunda-feira, 16 de novembro de 2009

QUERIA MAIS...


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10 filmes. Foi o que consegui aproveitar da 33 Mostra Internacional de Cinema. Com empenho, e relativa organização do pouco tempo disponível, me pareceu um resultado até positivo. Tive sorte, pois nenhum dos filmes me fez dormir ou sair da sessão para um café. E olha que 3 deles assisti numa tacada só, com intervalo de 15 minutos entre um e outro para o xixi e água. Dias quentes trocados pelo escurinho, tela grande e ar condicionado. Sozinha ou acompanhada. Segue um pouquinho do que vi:


DOR FANTASMA
O título já entrega tudo. A dor fantasma é a sensação dolorosa referente ao membro amputado. No caso, o mocinho da história é quem perde parte de uma perna. Ciclista, charmoso, "pegador", pai, sortudo com os amigos, e vagabundo. Embora o roteiro não traga nada de novo, achei um bom filme. Boa direção. E pra quem tem facilidade de chorar, vale levar o lencinho. Eu, que sou durona, deixei as lágrimas empoçadas sem derramar nenhuma. Foi um dos selecionados do público (categoria novos diretores) e na referida sessão, todos os jurados estavam presentes. A Suzana Amaral é uma velhinha linda.
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CRIMES DE AUTOR
Escolhi por causa do diretor: Lelouch. A trama é boa, muito boa. Você passa o filme inteiro sendo enganado. Imaginando o que não faz sentido. Inventando coisa onde não tem. Feliz escolha, e no CINESESC melhor ainda! Diz a lenda que o diretor chegou a assinar o projeto sob o pseudônimo de Hervé Picard, mas assumiu a autoria pouco antes de sua exibição no Festival de Cannes.
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A MULHER DO LADO
Também escolhi por causa do diretor: Truffaut. A possibilidade de ver filmes antigos na tela gigante me fascina. Caiu como um presente, dos bons. O roteiro aparentemente comum é revelador, principalmente pelo lado psicológico dos personagens. A trama conta a vida de um casal que tem a rotina alterada com a chegada dos novos vizinhos. A tragédia da paixão. Romance, traição, cumplicidade, perdão, explosão. Excelente. Acerto maior foi não tê-lo assistido antes. Não podia, é certo. Me descobri muito menos disparatada do que supunha.
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MAKING PLANS FOR LENA
Mais do mesmo. Christophe Honoré de sempre. Filme sem final. Acaba e pronto. Delícia contemplar o Louis Garrel mais uma vez. Bom, mas não recomendo pra qualquer um. Pode ser chato pra quem não gosta de filme beeeem francês. Eu gosto.
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CÚMPLICES
O fime começa com o corpo de um garoto morto num lago. É pesado, mas bom. O final é previsível, o filme nem tanto. O melhor foi assistir na preferida sala 10 do Bourbon, descalça, com os pés na mega super hiper poltrona, e sair do cinema com o shopping fechado.
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MAU DIA PARA PESCAR
A história (produção uruguaia e espanhola) se passa na América do Sul, no vilarejo de Santa Maria, na Argentina, onde o trambiqueiro e agente de um lutador de luta-livre alemão faz a proposta de mil dólares para aquele que conseguir resistir o gigante por 3 minutos no ringue. O final não poderia ser outro, e confesso que gostei. Dentre as pérolas está: "-Eu só fumo porque incomoda os outros" “-Excelente razão”. Baseado em um conto de Juan Carlos Onetti.
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OS DISPENSÁVEIS
Ganhou prêmio de melhor diretor e ator (Competição de Novos Diretores). Eu dispensaria os prêmios e o filme. Cheguei e a sessão já tinha começado. Devo ter perdido algo muito importante, pois não encontrei nada que justificasse o sucesso. A história de um garoto que esconde o corpo do pai morto em casa com medo de ir parar no orfanato. E como desgraça pouca é bobagem, a mãe depressiva encontra-se internada numa clínica. Agora me diz, precisa de tudo isso?
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QUERIDO LEMON LIMA
Americano bobinho, escolar, que só valeu para deixar a tarde um pouco mais leve depois do filme anterior. Filme adolescente, perfeito para Sessão da Tarde. A personagem principal se chama Vanessa. Achei ela mais boba do que eu, se é que isso é possível.
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O ABRAÇO CORPORATIVO
Ganhou prêmio de melhor documentário. O começo é estranho, dá vontade de sair. Mas logo se justifica e fica bem interessante. Todo jornalista deveria assistí-lo. E o mundo corporativo também. Bela crítica à falta de checagem das fontes e aos oportunistas de plantão.
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O SOL DO MEIO-DIA
Eliane Caffé, a mesma diretora do memorável Narradores de Javé, mais uma vez, acertou a mão. Excelente direção. Maestria na luz e brilhantismo no som. Chico Dias impecável e poesia pra arrematar. O fim ganha o filme. Não importa o motivo, e sim o que foi feito. Um tiro no peito. E se não fosse o barbudo lindo do meu lado, eu teria saído do cinema ainda mais pensativa. A equipe do filme estava lá. Foi engraçado, sem querer, recebi os parabéns pelo filme que não fiz.
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4 comentários:

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Assisti A mulher do lado, há muitos anos. É um filme magnífico, que traz uma Fanny Ardant maravilhosa e um Gerard Depardieu antes dele virar um ator canastrão.

DB disse...

estranho,pq vi 'crimes de autor' em 2007, num cinema vagabound em brasilia...mas é realmente muito bom!

Andrea Nestrea disse...

maravilha,vanessa!!!
hoje vi três woody allens, básicos,na mostra do CCBB. o catálogo é imperdível!!!!bj

Vanessa Dantas disse...

Arnaldo: "a mulher do lado" é mesmo um filme espetacular!

Não é estranho DB, pois na MOSTRA, além dos filmes novos, também passam alguns mais antigos de diretores conceituados. Meu amigo de BSB também assistiu, possivelmente na mesma sala que você.

Oi Dea! Essa Mostra do Woody Allen tb está em cartaz em Sampa. Vou tentar assitir algo no final de semana se estiver por aqui.

Beijo pros três.