quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

TRIVIAL 2 - A FEIJOADA

Seis horas num bar, uns trinta chopps sorvidos, dois selinhos roubados e um beijo experimentado. Planos pra hoje, amanhã e depois. E ela, desejando vida longa aos dois, pede calma. Uma coisa de cada vez. Dúvida, com boa intuição. Cavalheirismo e atenção. Olhos que brilham, cheiro da pele, desejo explicitado, elogios sussurrados. Tesão? Hoje não! Torpedos, telefonema e outra combinação. Um grande show, pernas estiradas, cabeça repousada, e as mãos inquietas “só no carinho”. Dedicação. Cd de presente, caipirinha de jabuticaba e coxinha do Veloso. Visual da Avenida Paulista. Conversa afiada. Pés descalços, conforto e confiança. E ela pede aquilo que não sabe se tem mais: paciência. Pedido aceito com surra de carinho. Jogo de futebol, mais chopps. Pausa. Saudade. Cinema. Andar de mãos dadas pelas ruas da cidade e “creque” da cebola num ceviche dos bons. Convite feito, convite aceito. Outro lar, outra cama, cachaça e conversa sem fim. Entrega. Sono compartilhado, chamego matinal. Outro convite. Amigos em mesa de bar. Pauta: Palmeiras, futebol, PT, mundo ervilha e Vila Madalena. Mais uma noite de grude. Intimidade. Arroz, feijão, bife a milanesa e batata frita no boteco. Livros de presente. Poesia. Gentileza e zelo. Sashimi na Liberdade, outros amigos. E ela conhecendo mais um pouco dele. E do corpo dele. Na cama, largados, lendo o que ele escreve, no chamego, papeando. Risadas. Gar-ga-lha-das. E ele toca sax, e toca bandolim. Toca pra ela e ainda diz que sabe cozinhar. E ela sorri! E o sorriso resolve ficar, só para lembrá-la que ainda há vida. Admirar, gostar. Aprender. Ensinar? Novos saberes. Novos sabores.

E com a cabeça no peito dele, a frase:
- Nada tema meu amor, nada tema!

E ela acordou...

11 comentários:

Anônimo disse...

que delícia!! que delícia!!
essas entregas! adoro esse descortinar de novos mundos, novos gestos, novas coreografias de velhos gestos!
acorde, não!!
beijo

Anônimo disse...

s e m p a l a v r a s ! ! !

(e olha que em mais de 20 anos, repetindo, vivendo de combiná-las, isso nunca tinha me acontecido).

beijo grande.

Renata disse...

Esta feijoada tá melhor do que o arroz com feijão. Muitoooooooo melhor!
Mas melhor do que a feijoada,é a intenção de não temer nada, e ir frente, experimentando o novo! Não acorde, vá em frente!
Beijos.

Anônimo disse...

Sem comentários!

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Sonhar, muitas vezes é o caminho.

Eli Carlos Vieira disse...

“[...]só para lembrá-la que ainda há vida.”

Perfeito, com pausa e tudo!
Inspirador!
Legal essa forma corrida e direta de contar e reviver.
A vida está nessa feijoada, onde se vive, ri, come e dorme!
Fica a curiosidade de saber o desenrolar dos dois!

Beijos

Aline disse...

Final surpreendente, porém pessimista. Gosto de pensar que coisas assim ainda acontecem! ;)

Anônimo disse...

"Toca pra ela e ainda diz que sabe cozinhar". É melhor acordar mesmo, senão vai perder o horário.... hahahahahaha...

Gostei do seu jeito de escrever "O real com sabor de ficção. O imaginado exalando rotina". Esse texto é assim. Parece real e ao mesmo tempo não.

Vanessa Dantas disse...

A vontade é não acordar mesmo, Andrea!

O escritor sem palavras? Adoooooro!

Pois é Renatinha, difícil não temer, mesmo com a frase "nada tema meu amor, nada tema". É um sonho...

Rô, sem comentários!

Pois é Arnaldo, afinal, do que vale a vida se não sonharmos?

Eli: ainda há vida. E a pausa se faz necessária. Também fico curiosa com o desenrolar...

Aline: acredite, coisas assim ainda acontecem! Ufa! E não encare como pessimismo, apenas um sonho, dos bons!

A idéia é essa Gabriela! E as vezes é preciso acordar mesmo... ou não! ;o)

Beijão pra todos.

Unknown disse...

Lembrei de uma coisa que eu li e adorei, mais ou menos assim: não importa se é sonho ou realidade, mas tem que ser verdadeiro. Sua cara, gata. Beijos.

Vanessa Dantas disse...

É por aí, Lili! Falou tudo! Tem que ser verdadeiro. Beijão.