Primeira terça-feira de dezembro, Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, final de tarde de sol. Hora de botecar! O Pavão Azul já era a escolha mais do que certa, afinal, devia isso ao querido amigo de Distrito Federal.
Nós quatro – eu, minhas duas primaxxx cariocaxxx, e uma queridíssima amiga das primaxxx - saímos da Tijuca. Ou seria Maracanã? Quem sabe Vila Isabel? Acontece que o apartamento da primoca fica na Rua São Francisco Xavier cujo IPTU o identifica como Tijuca, a taxa do condomínio como Vila Isabel, e tanto a conta de luz quanto a de gás como Maracanã. Tudo isso evidentemente me remete ao primeiro texto “Vila Isabel, a gênese”, do livro “Meu Lar é o Botequim”, do Eduardo Goldenberg, assim como minha dissertação de mestrado onde eu proponho conversa parecida – sobre a falta de delimitação da Vila Madalena – que se confunde com Pinheiros, Alto de Pinheiros, Sumarezinho ou Vila Beatriz. (Ok! Prometo tratar disso num texto futuro, afinal, estou aqui para falar do Pavão Azul)
Antemão, avisei as moçoilas que o Pavão Azul era um típico pé sujo de Copacabana e que, portanto, não esperassem nada empetecado. Disse ainda que, mesmo sem conhecê-lo, carregava uma certeza: lá, no Pavão Azul, eu seria feliz! Assim, a amiga das primas, que estava ao volante, nem contestou: Se vai te fazer feliz, é pra lá que nós vamos!
Dito e feito. Fui feliz, muito! E vou explicar tudinho.
Chegamos, e nenhuma mesa vaga. Algumas pessoas em frente ao referido estabelecimento, em pé, aguardavam. Lembrei do texto “Uma explicação necessária” do Bruno Ribeiro que coloca “fila na porta” como um indicador negativo para a apreciação de um bar. Como já me pronunciei a esse respeito, no próprio texto dele, sequer cogitei desistir. Dirigi-me ao garçom e pedi uma cerveja Original, que chegou geladaça, enquanto aguardávamos a nossa mesa.
O primeiro copo foi sorvido no melhor estilo Fernando Amaral – um só gole, de uma só vez - e quase junto com a segunda garrafa, apareceu uma figura, no melhor estilo carioca, bem humorado, sotaque chiado, sorriso maior que a torcida do Flamengo, e muito educadamente nos convidou para sentarmos à mesa dele (ele estava com mais dois amigos). Com lábia expressiva, nos informou que já tinha providenciado com o garçom Vagner algumas cadeiras para nós, e como ele e os dois amigos logo iriam embora, sugeriu que essa era uma boa forma de garantirmos mais rapidamente a nossa mesa. Mostrou-nos ainda uma vantagem – no Pavão Azul, as comandas são separadas, de modo que não haveria problema caso alguém se preocupasse com a hora de pagar a conta.
Mas a cara e o jeito dele, de frequentador assíduo daquele boteco, somado ao modo elegante na abordagem, foi altamente decisivo para o aceite imediato. Pelo menos para mim, não se tratava mais de um convite, e sim uma oportunidade, já que os temas “bairros”, “bares”, “botecos”, “boemia” e “gente”, há muito passaram de simples interesse à verdadeira paixão.
O moço era falante, tinha um jeito malandro sem ser abusado e tudo ficou muito divertido. Ele disse ter 60 anos, mas não aparentava mais que 48. Era exagerado, e saiu contando as histórias do bar. Eu que não sou boba nem nada (exceto quando o tema é “coisas do coração”), não perdi uma informação, e ouvi mais do que falei (acreditem!).
Papo de boteco, de qualidade, de não ver o tempo passar. Só sabia os nomes (não divulgados aqui, para manter a privacidade) e nada mais importava. Era como se fossemos amigos das antigas. Falamos de amores e desamores, (pasmem!) voltei até a acreditar na fidelidade masculina e reconhecemos que “andar de mãos dadas” pode ser umas das mais belas expressões de amor. Concordamos que quando o cheiro da pele não bate, não há como insistir, mas defendi minha tese que o mesmo não serve para o beijo (há um senso comum que o beijo na boca “diz tudo”, “é o termômetro” e blá blá blá), pois o beijo na boca pode e deve melhorar, e um beijo médio não significa necessariamente uma transa ruim. Chegamos até mesmo a cantarolar as músicas do Rei, até que um deles pediu pra sair, e segundo nosso amigo fanfarrão, o moço foi pra casa assistir a novela. O outro amigo continuou conosco - era bem bonito, mais quieto, aparentava menos de 40 anos, vez ou outra jogava algum charme, mas carregava uma aliança de casado, daquelas que pesam (mesmo!).
Nós quatro – eu, minhas duas primaxxx cariocaxxx, e uma queridíssima amiga das primaxxx - saímos da Tijuca. Ou seria Maracanã? Quem sabe Vila Isabel? Acontece que o apartamento da primoca fica na Rua São Francisco Xavier cujo IPTU o identifica como Tijuca, a taxa do condomínio como Vila Isabel, e tanto a conta de luz quanto a de gás como Maracanã. Tudo isso evidentemente me remete ao primeiro texto “Vila Isabel, a gênese”, do livro “Meu Lar é o Botequim”, do Eduardo Goldenberg, assim como minha dissertação de mestrado onde eu proponho conversa parecida – sobre a falta de delimitação da Vila Madalena – que se confunde com Pinheiros, Alto de Pinheiros, Sumarezinho ou Vila Beatriz. (Ok! Prometo tratar disso num texto futuro, afinal, estou aqui para falar do Pavão Azul)
Antemão, avisei as moçoilas que o Pavão Azul era um típico pé sujo de Copacabana e que, portanto, não esperassem nada empetecado. Disse ainda que, mesmo sem conhecê-lo, carregava uma certeza: lá, no Pavão Azul, eu seria feliz! Assim, a amiga das primas, que estava ao volante, nem contestou: Se vai te fazer feliz, é pra lá que nós vamos!
Dito e feito. Fui feliz, muito! E vou explicar tudinho.
Chegamos, e nenhuma mesa vaga. Algumas pessoas em frente ao referido estabelecimento, em pé, aguardavam. Lembrei do texto “Uma explicação necessária” do Bruno Ribeiro que coloca “fila na porta” como um indicador negativo para a apreciação de um bar. Como já me pronunciei a esse respeito, no próprio texto dele, sequer cogitei desistir. Dirigi-me ao garçom e pedi uma cerveja Original, que chegou geladaça, enquanto aguardávamos a nossa mesa.
O primeiro copo foi sorvido no melhor estilo Fernando Amaral – um só gole, de uma só vez - e quase junto com a segunda garrafa, apareceu uma figura, no melhor estilo carioca, bem humorado, sotaque chiado, sorriso maior que a torcida do Flamengo, e muito educadamente nos convidou para sentarmos à mesa dele (ele estava com mais dois amigos). Com lábia expressiva, nos informou que já tinha providenciado com o garçom Vagner algumas cadeiras para nós, e como ele e os dois amigos logo iriam embora, sugeriu que essa era uma boa forma de garantirmos mais rapidamente a nossa mesa. Mostrou-nos ainda uma vantagem – no Pavão Azul, as comandas são separadas, de modo que não haveria problema caso alguém se preocupasse com a hora de pagar a conta.
Mas a cara e o jeito dele, de frequentador assíduo daquele boteco, somado ao modo elegante na abordagem, foi altamente decisivo para o aceite imediato. Pelo menos para mim, não se tratava mais de um convite, e sim uma oportunidade, já que os temas “bairros”, “bares”, “botecos”, “boemia” e “gente”, há muito passaram de simples interesse à verdadeira paixão.
O moço era falante, tinha um jeito malandro sem ser abusado e tudo ficou muito divertido. Ele disse ter 60 anos, mas não aparentava mais que 48. Era exagerado, e saiu contando as histórias do bar. Eu que não sou boba nem nada (exceto quando o tema é “coisas do coração”), não perdi uma informação, e ouvi mais do que falei (acreditem!).
Papo de boteco, de qualidade, de não ver o tempo passar. Só sabia os nomes (não divulgados aqui, para manter a privacidade) e nada mais importava. Era como se fossemos amigos das antigas. Falamos de amores e desamores, (pasmem!) voltei até a acreditar na fidelidade masculina e reconhecemos que “andar de mãos dadas” pode ser umas das mais belas expressões de amor. Concordamos que quando o cheiro da pele não bate, não há como insistir, mas defendi minha tese que o mesmo não serve para o beijo (há um senso comum que o beijo na boca “diz tudo”, “é o termômetro” e blá blá blá), pois o beijo na boca pode e deve melhorar, e um beijo médio não significa necessariamente uma transa ruim. Chegamos até mesmo a cantarolar as músicas do Rei, até que um deles pediu pra sair, e segundo nosso amigo fanfarrão, o moço foi pra casa assistir a novela. O outro amigo continuou conosco - era bem bonito, mais quieto, aparentava menos de 40 anos, vez ou outra jogava algum charme, mas carregava uma aliança de casado, daquelas que pesam (mesmo!).
Em meio a tanta conversa boa, não esqueci, porém, de uma das dicas do Edu Rodrigues “não deixe de provar o risoto de camarão e/ou a empada do referido crustáceo” em seu comentário sobre o meu texto “A PAULISTANA E SEUS DISPARATES CARIOCAS". Deixei o risoto para outro dia, mas a empada foi prontamente atendida pela gentilíssima Bete (uma das donas), que veio a nossa mesa e garantiu que assim que saísse a fornada, as primeiras empadas seriam nossas. E seguindo também a dica do nosso anfitrião, provamos pela primeira vez um petisco chamado Patanisca – uma espécie de bolinho de bacalhau, feito sem batata e muito mais gostoso. Bacalhau puro! De comer chorando, aos prantos...
O Pavão Azul tem 50 anos de existência e, segundo nosso anfitrião que gostava de contar "causos", seu antigo dono era um portuga que saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou, e desde então as irmãs Vera e Bete assumiram o comando e se revezam cuidando tão bem deste precioso e aconchegante botequim. Os banheiros são limpos (quem me conhece sabe que eu não fico em fila de banheiro, se o feminino estiver ocupado, é no masculino mesmo que eu vou – e antes que a homarada fique brava, saibam que sou muito rápida no escoamento etílico) e outro detalhe importante para os neuróticos de plantão: o boteco fica em frente à Delegacia de Polícia de Copa. Não que seja necessariamente um indicativo de segurança, afinal, estamos falando da Polícia do Rio.
Passava pouco das 21h e veio a notícia que a cerveja tinha acabado. Como pode? Quase enfartei! Mas isso não foi problema algum. Partimos para algumas doses de Germana (que eu adoro – nem fraca, nem forte, na medida), e finalizamos com alguns honestos chopps Brahma. Pouco depois fechamos a conta, mas o novo amigo ainda bancou uma série de saideiras, estendendo nossa agradável noite para além do planejado.
E como uma boa bacharel em Turismo, ou turismóloga, o endereço do Pavão Azul não poderia faltar:
Endereço: Rua Hilário de Gouveia, 71A-B - Copacabana -
Horário: Segunda à domingo, das 9h à 0h.
Endereço: Rua Hilário de Gouveia, 71A-B - Copacabana -
Horário: Segunda à domingo, das 9h à 0h.
9 comentários:
Primaaaaaa!!!! Vc é a botequeira mais genial do mundo!!
Acho q todos fomos muito felizes!!
vai ficar na memória essa noite tão agradável, de papos cabeça, bobagens, risadas, original gelada e germana...Adorei!!! Precisamos repetir.
Sabe do que eu lembrei agora?
Das estudiosas! Rsrsrs...
Tô rindo sozinha!
Definitivamente o Pavão Azul foi "uma grata surpresa" como diria nosso conhecido gaúcho.
Vanessa, valeu pela citação! Que porranca boa, hein? rs
Beijo!
Ahhhhhh... Las pataniscas... Bacalhau em estado bruto.
Pois é Lili, temos que voltar ao Pavão Azul muito em breve!
Ótima lembrança Lulu! De chorar de rir!
Pois é Bruno, memorável!
Perfeita definição Edu! Las pataniscas não saíram mais da minha cabeça!
Salve Vanessa !! Obrigado pela visita. Realmente o Pavão azul é um espetáculo. Suas pataniscas deveriam ser tombadas,pelo patrimonio histórico nacional !!
Sempre que puderes me visite lá no meu humilde blog. Já virei seu leitor!! Um grande abraço.
http://blogdosorumba.blogspot.com/
É verdade Sorumba, assim como o acarajé as pataniscas mereciam um maior reconhecimento, embora sejam portuguesas, acredito eu! Apareço sim e seja bem vindo! Abraço.
Não vou nem comentar.
Rodrigo: Não vou nem comentar. (2)
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