O texto é inteiro de minha autoria. Apenas as frases
destacadas em verde referem-se ao livro abaixo citado*.
Para minha querida prima-irmã Aline Dantas
destacadas em verde referem-se ao livro abaixo citado*.
Para minha querida prima-irmã Aline Dantas
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Aqueles olhos azuis a petrificaram. Não entendia como poderia surgir tanta beleza em meio aquele lixo todo. O dragão rabiscado naquela costa morena somado ao cheiro da pele a deixara desnorteada. As montanhas de entulhos e sucatas espalhadas por todos os cantos compunham o cenário tomado por aquele rosto másculo e de traços perfeitos.
Já não sabia mais o que a levara até aquele lugar tão longe de casa. Tampouco se lembrava da última vez que demorou tanto tempo para encontrar um endereço. Mas a sensação de que estava perdida se esvaiu no instante em que aquela voz grave lhe perguntara o que a moça queria. E a cada passo daquele peito nu em sua direção, ela se dava conta de que naquele exato momento não poderia querer outra coisa que não fosse ele. E embora ela soubesse que havia um porquê de estar ali, não se recordava qual era. O fato é que dali em diante, ela não se recordaria mais dos porquês.
E assim respondeu devagar, com dificuldade, porque já não acreditava que a verdade servisse para alguma coisa.
O fato é que ele não tinha o que ela queria. E então, diante da impossibilidade de atendê-la, só restou indicar a ela outro lugar, próximo dali, onde poderia encontrar o que procurava. E ela, sem saber se propositalmente, permaneceu com o olhar de desentendida até que ele gentilmente se ofereceu a levá-la ao local sugerido.
Ela aceitou prontamente e eles seguiram. Conversaram pouco durante o rápido trajeto, alimentando-se todo o tempo pelo olhar. Mil vezes buscou os olhos dele, e mil vezes ela encontrou os seus.
Assim que chegaram, ele apresentou o local a ela, e disse que precisava retornar. Ela então o agradeceu, mas não sem antes elogiar aquele inolvidável par de olhos azul turquesa. Ele sorriu lindamente, elogiou a beleza dela e num gesto que não trazia o mínimo embaraço, apenas uma exatidão desconcertante, ele a pegou pela cintura e a beijou com sofreguidão.
Afastou-se do corpo dela no instante seguinte, não disse “adeus”, e seguiu sem olhar para trás.
Ela ainda com as pernas bambas, carregada de certeza de não querer entender o que ocorrera, ouviu ao fundo uma risada levemente contida seguida de uma voz feminina dizendo:
- Cuidado! Ele é casado!
Já não sabia mais o que a levara até aquele lugar tão longe de casa. Tampouco se lembrava da última vez que demorou tanto tempo para encontrar um endereço. Mas a sensação de que estava perdida se esvaiu no instante em que aquela voz grave lhe perguntara o que a moça queria. E a cada passo daquele peito nu em sua direção, ela se dava conta de que naquele exato momento não poderia querer outra coisa que não fosse ele. E embora ela soubesse que havia um porquê de estar ali, não se recordava qual era. O fato é que dali em diante, ela não se recordaria mais dos porquês.
E assim respondeu devagar, com dificuldade, porque já não acreditava que a verdade servisse para alguma coisa.
O fato é que ele não tinha o que ela queria. E então, diante da impossibilidade de atendê-la, só restou indicar a ela outro lugar, próximo dali, onde poderia encontrar o que procurava. E ela, sem saber se propositalmente, permaneceu com o olhar de desentendida até que ele gentilmente se ofereceu a levá-la ao local sugerido.
Ela aceitou prontamente e eles seguiram. Conversaram pouco durante o rápido trajeto, alimentando-se todo o tempo pelo olhar. Mil vezes buscou os olhos dele, e mil vezes ela encontrou os seus.
Assim que chegaram, ele apresentou o local a ela, e disse que precisava retornar. Ela então o agradeceu, mas não sem antes elogiar aquele inolvidável par de olhos azul turquesa. Ele sorriu lindamente, elogiou a beleza dela e num gesto que não trazia o mínimo embaraço, apenas uma exatidão desconcertante, ele a pegou pela cintura e a beijou com sofreguidão.
Afastou-se do corpo dela no instante seguinte, não disse “adeus”, e seguiu sem olhar para trás.
Ela ainda com as pernas bambas, carregada de certeza de não querer entender o que ocorrera, ouviu ao fundo uma risada levemente contida seguida de uma voz feminina dizendo:
- Cuidado! Ele é casado!
E então ela suspirou aliviada. Aquilo tudo só poderia mesmo ser o prenúncio de uma ótima semana.
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* Alessandro Baricco, Seda (2007)
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* Alessandro Baricco, Seda (2007)
Um comentário:
Pelo visto a semana foi ótima!
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