quarta-feira, 19 de março de 2014

DAS CENAS IMPROVÁVEIS OU DA GRAÇA DE ESTAR VIVA

- Cê tá na DOC Galeria?
- Tô
- Passo aí em 20 :)
- Venha e traga meu livro 
- Tô indo

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- Comprei esse livro pra você. Não sei se você conhece, se já tem, mas achei que ia curtir, que tinha a sua cara.
- Tão a minha cara que o autor foi meu namorado.

FIM

terça-feira, 18 de março de 2014

SOBRE MIMOS E CAFÉS DA MANHÃ



Depois de um mês fora, a mama voltou pro seu lar ontem. Ela fez uma pequena cirurgia e, por isso, ficou entre a casa dos filhos e da irmã onde teria mais cuidados e companhia. 

Para ela não chegar com a casa vazia, a Alice ficou de dormir por lá na noite passada. 

Como praxe, toda terça-feira, a Alice vem pra minha casa trazendo pão para o nosso café da manhã. E assim, tomamos café juntas e falamos um pouco da vida antes de cada uma pegar no batente. Hoje não seria diferente, até que ela “se achando”, soltou: 

- Trouxe pão, mas já vim alimentada. Meu café da manhã hoje teve suco de laranja, iogurte com granola, mamão e queijo branco. 

Invejei. Pois a coisa que mais sinto falta de quando eu morava na casa da mama é justamente do seu café da manhã. Ela servia o café com leite na xícara, o pão fresquinho comprado na padaria logo cedo já cortado com requeijão, o suco de laranja no copo e o melão cortadinho. Era só “mandar pra dentro”! Certeza que essa delicadeza ela herdou do meu avô, pai dela, que preparou o café da manhã da minha avó durante os 55 anos de casados, acordando os filhos e netos (quando dormiam na casa deles), ainda na cama, com um copo de vitamina ou de suco de laranja. 

Triste é saber que não herdei nada disso, apenas a vontade de ser mimada assim pra sempre.

segunda-feira, 17 de março de 2014

COMO NOSSOS PAIS


Final de semana com a mama. No pouco tempo em que conseguimos ficar sozinhas, falamos sobre a vida, os anseios, os medos, os apuros, os planos. E meus quereres - cada dia menos convencionais e por vezes conflituosos e impublicáveis - encontraram entendimento, delicadeza, colo e cafuné. Minha velhinha, aos 76 anos (exatamente o dobro da minha idade), em meio à contação de seus causos, me mostrou que somos mais parecidas do que eu jamais poderia suspeitar. E isso hoje é libertador! FIM.