
Foto de celular: Vanessa Dantas, 2009
Tenho acordado cedo, dormido tarde, comido doce, pulado cinema.
Tenho falado menos, observado mais.
Tolerância curta, cansaço longo.
Tenho trabalhado muito.
*
O mundo é burro, e vivo nele.
Chega de festa. Mesa pra quatro. Tenho bebido pouco.
Tenho gostado dos cães. Dos que não latem e não mordem.
Nada acontece. Não trago novidade. A vida anda besta. Chatinha.
*
Não sofro mais por ele. E sofro por isso.
Continuo sem gostar de pão-de-mel, doce de abóbora,
"creque" da cebola, fumaça de cigarro. In-tra-gá-vel.
Não uso amarelo, esmalte danoninho, pouco gosto de marrom.
Chocolate? Só se for do bom.
*
Queria não ter pêlo. Que meu cabelo não ficasse branco.
Não faço mais dieta. Gosto de ser míope.
Vivo otimamente bem sem paçoquinha, pipoca, canjica,
salto alto, bico fino e karaokê.
*
Não me venha com picaretagem.
“Minha querida”. “Se cuida”. "Deus lhe pague”.
Meu sono continua leve. Tenho dificuldade com quem ronca.
Prefiro a noite fria.
*
Chegue devagar, não peça pra entrar. Não minta pra mim.
Que se explodam os arrogantes, os mal educados, o Rogério Ceni.
Da torcida do São Paulo? Salvaria um. Apenas.
*
Gente que fala demais me incomoda.
Comportamento classe média também. Sou classe média.
Não quero conhecer o mundo. Sonho com Paris. E basta.
Perdi o medo da morte, desde que seja de avião. Na volta.
Não quero conhecer o mundo. Sonho com Paris. E basta.
*
Não me subestime. Se conseguir, me estime. Eu deixo.
E gosto.