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10 filmes. Foi o que consegui aproveitar da 33 Mostra Internacional de Cinema. Com empenho, e relativa organização do pouco tempo disponível, me pareceu um resultado até positivo. Tive sorte, pois nenhum dos filmes me fez dormir ou sair da sessão para um café. E olha que 3 deles assisti numa tacada só, com intervalo de 15 minutos entre um e outro para o xixi e água. Dias quentes trocados pelo escurinho, tela grande e ar condicionado. Sozinha ou acompanhada. Segue um pouquinho do que vi:
DOR FANTASMA
O título já entrega tudo. A dor fantasma é a sensação dolorosa referente ao membro amputado. No caso, o mocinho da história é quem perde parte de uma perna. Ciclista, charmoso, "pegador", pai, sortudo com os amigos, e vagabundo. Embora o roteiro não traga nada de novo, achei um bom filme. Boa direção. E pra quem tem facilidade de chorar, vale levar o lencinho. Eu, que sou durona, deixei as lágrimas empoçadas sem derramar nenhuma. Foi um dos selecionados do público (categoria novos diretores) e na referida sessão, todos os jurados estavam presentes. A Suzana Amaral é uma velhinha linda.
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CRIMES DE AUTOR
Escolhi por causa do diretor: Lelouch. A trama é boa, muito boa. Você passa o filme inteiro sendo enganado. Imaginando o que não faz sentido. Inventando coisa onde não tem. Feliz escolha, e no CINESESC melhor ainda! Diz a lenda que o diretor chegou a assinar o projeto sob o pseudônimo de Hervé Picard, mas assumiu a autoria pouco antes de sua exibição no Festival de Cannes.
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A MULHER DO LADO
Também escolhi por causa do diretor: Truffaut. A possibilidade de ver filmes antigos na tela gigante me fascina. Caiu como um presente, dos bons. O roteiro aparentemente comum é revelador, principalmente pelo lado psicológico dos personagens. A trama conta a vida de um casal que tem a rotina alterada com a chegada dos novos vizinhos. A tragédia da paixão. Romance, traição, cumplicidade, perdão, explosão. Excelente. Acerto maior foi não tê-lo assistido antes. Não podia, é certo. Me descobri muito menos disparatada do que supunha.
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MAKING PLANS FOR LENA
Mais do mesmo. Christophe Honoré de sempre. Filme sem final. Acaba e pronto. Delícia contemplar o Louis Garrel mais uma vez. Bom, mas não recomendo pra qualquer um. Pode ser chato pra quem não gosta de filme beeeem francês. Eu gosto.
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CÚMPLICES
O fime começa com o corpo de um garoto morto num lago. É pesado, mas bom. O final é previsível, o filme nem tanto. O melhor foi assistir na preferida sala 10 do Bourbon, descalça, com os pés na mega super hiper poltrona, e sair do cinema com o shopping fechado.
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MAU DIA PARA PESCAR
A história (produção uruguaia e espanhola) se passa na América do Sul, no vilarejo de Santa Maria, na Argentina, onde o trambiqueiro e agente de um lutador de luta-livre alemão faz a proposta de mil dólares para aquele que conseguir resistir o gigante por 3 minutos no ringue. O final não poderia ser outro, e confesso que gostei. Dentre as pérolas está: "-Eu só fumo porque incomoda os outros" “-Excelente razão”. Baseado em um conto de Juan Carlos Onetti.
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OS DISPENSÁVEIS
Ganhou prêmio de melhor diretor e ator (Competição de Novos Diretores). Eu dispensaria os prêmios e o filme. Cheguei e a sessão já tinha começado. Devo ter perdido algo muito importante, pois não encontrei nada que justificasse o sucesso. A história de um garoto que esconde o corpo do pai morto em casa com medo de ir parar no orfanato. E como desgraça pouca é bobagem, a mãe depressiva encontra-se internada numa clínica. Agora me diz, precisa de tudo isso?
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QUERIDO LEMON LIMA
Americano bobinho, escolar, que só valeu para deixar a tarde um pouco mais leve depois do filme anterior. Filme adolescente, perfeito para Sessão da Tarde. A personagem principal se chama Vanessa. Achei ela mais boba do que eu, se é que isso é possível.
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O ABRAÇO CORPORATIVO
Ganhou prêmio de melhor documentário. O começo é estranho, dá vontade de sair. Mas logo se justifica e fica bem interessante. Todo jornalista deveria assistí-lo. E o mundo corporativo também. Bela crítica à falta de checagem das fontes e aos oportunistas de plantão.
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O SOL DO MEIO-DIA
Eliane Caffé, a mesma diretora do memorável Narradores de Javé, mais uma vez, acertou a mão. Excelente direção. Maestria na luz e brilhantismo no som. Chico Dias impecável e poesia pra arrematar. O fim ganha o filme. Não importa o motivo, e sim o que foi feito. Um tiro no peito. E se não fosse o barbudo lindo do meu lado, eu teria saído do cinema ainda mais pensativa. A equipe do filme estava lá. Foi engraçado, sem querer, recebi os parabéns pelo filme que não fiz.
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